terça-feira, 1 de março de 2011

Educação do Piauí em Greve

Representantes do Brasil na onda de massas que criou a ponte entre “culturas em choque”, os profissionais da educação em greve no Piauí, resistem como os manifestantes do Oriente Médio e de Madison. Organizados pelo Sinte (Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública), os trabalhadores piauienses iniciaram a greve no dia 14 de fevereiro, exigindo melhores salários e condições de trabalho, e desde então vêm resistindo aos ataques do governador Wilson Martins (PSB).

Num estado que conta em sua capital, segundo estimativas do próprio secretário de educação, com aproximadamente 10% das escolas em situação de calamidade total, cabe aos profissionais da educação a responsabilidade de lutar por condições decentes para os jovens estudarem, uma vez que há escolas tomadas pelo capim, outras com tetos desabando e mais inúmeros problemas. Os valentes trabalhadores do Piauí também tomaram para si, por meio das suas próprias demandas, a reivindicação nacional pelo aumento do piso salarial dos professores, o que levou o Ministério da Educação a apressar a apresentação da nova marca de R$ 1187,97 por 40 horas semanais.

O distinto governador piauiense, todavia, afirmou que não vai adotar o piso salarial e, como de costume nos dias de hoje, disse que não negocia com grevistas. Não satisfeito, alegou que o Piauí tem um dos piores índices educacionais do país e que os professores não mereciam estar fazendo greve e prejudicando os alunos. É claro que estudar em um prédio com infiltração ou sem bebedouros não é um prejuízo para ninguém.

Demonstrando boa dose de bravura, os profissionais da educação resolveram manter a mobilização mesmo após o julgamento da greve como ilegal pelo desembargador José James do Tribunal de Justiça, que estabeleceu multa de R$ 5OOO reais diários para o Sinte.



Todo este movimento de resistência deveria servir de exemplo aos trabalhadores de outros estados e, por minha experiência pessoal, do Rio de Janeiro. Afinal, a última greve (2009) recuou frente às propostas ridículas do governo Sérgio Cabral, que tratou os profissionais da educação de forma extremamente truculenta. Pra quem não lembra, aí vai um cartão postal:



Apesar de oferecer toda a minha solidariedade à luta dos companheiros piauienses, devo fazer uma importante ressalva. No último post, afirmei que os sinais não apontavam para grandes mobilizações sociais no Brasil em 2011, uma vez que havíamos eleito um governo do PT, condenando o país a mais quatro anos de domesticação devido à participação de importantes centrais sindicais e movimentos sociais na base governista. Infelizmente, o que é uma aparente contradição ao que eu dizia, não tem um conteúdo tão contrário assim.

O caso é que o Piauí foi governado nos últimos oito anos por Wellington Dias, político do PT. Durante todo este período, o governo estadual não agiu contra o sucateamento das escolas e tampouco deu aumentos substanciais aos profissionais da educação, mantendo o plano nacional de inserir o ensino na agenda do neoliberalismo (o que é assunto pra outro tópico). Por que, então, o Sinte não fez greve antes, esperando o início tanto deste ano letivo quanto do novo mandato no governo? A resposta é simples, o Sinte é filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores), que faz parte da base do PT.

O importante é que, apesar do oportunismo do Sinte, devemos manter o apoio a qualquer iniciativa dos trabalhadores, pois a vitória daqueles professores é a vitória de qualquer um de nós. Por isto, espero que a Assembleia do Sinte, marcada para amanhã (02/03) mantenha os profissionais parados e mobilizados!!!

2 comentários:

  1. Eu fiz um comentário enorme e seu blog fez o favor de apagar, então tô com preguiça de repetir.

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  2. Pô, o Fábio tá esperando o comentário!

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